20.Aécio,
o Professor de Literatura e de
Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Um retalho solto é como uma ilha.Não se comunica. Aqueles costurados, ligados, são como continentes com povos,línguas e culturas diferentes complementando-se. |
Aécio
acabara o namoro com a primeira namorada dado os “apertos” que sofrera de
nossa mãe. Pouco tempo depois percebi que o "Lourinho" novamente se enamorara. Nunca
me revelou o nome de sua musa. Mas como o conhecia bem, sabia que mergulhara
em um mundo só dele. Sabia que no mesmo não havia lugar para mais nada a não
ser para seus devaneios e sonhos. Preocupei-me. Tentei fazê-lo retornar à
realidade. Ele, entretanto, afastou-me mais de si. “Não sabes de nada,
maninha. Es uma mocinha inocente e tímida. Como podes me dar conselhos? Cuida da tua vida que da minha, cuido eu".Deixei-o. Que ele caminhasse pelo
caminho que escolhesse. Nossos pais, na hora certa, dele cuidariam.
Aécio |
Indagado por papai, Aécio
justificou-se acusando o Colégio:
- É um Colégio meio sem dono, papai.
Os professores são despreparados. Não tenho gosto pelos estudos por causa deles, especialmente do professor de Literatura e Língua Portuguesa.
- Como é este professor, meu
filho?
- E o diretor, meu filho? Onde
fica o diretor diante de tanta incompetência?
- Ora, na diretoria. Nem ele nem
os pais dos alunos percebem a realidade dos fatos.
- Bem, precisamos acabar com essa
“farra”, meu filho.
- Certo, meu pai. Vá contar ao padre
diretor o que está acontecendo.
- Vá, não. Vamos nós dois. Afinal,
o prejudicado es tu.
Papai combinou com Padre
Agostinho a hora e o dia para o encontro.
Havia entre os dois, papai e Padre Agostinho uma amizade sólida. O padre
admirava nossos pais pelo modo como nos educavam. Tão logo chegaram à sala de
espera da diretoria, o bedeu lhes pediu que aguardassem por uns minutos. O
diretor os esperava.
Depois dos abraços, de
sentarem-se, papai foi direto ao ponto:
- Padre, soube que o senhor está
com dificuldades com o professor de Literatura.
- Pois é, Jesus, ele acaba de ser aprovado em um ótimo concurso e como tirou
a segunda maior nota, deixar-nos-a em pouco tempo. Ainda não encontrei ninguém
para substituí-lo. Estou feliz por ele e triste por nosso colégio. É um
excelente professor. Quem o substituirá sem que haja prejuízos para os alunos?
- Quanto a isso, sossegue, padre.
Já encontrei um excelente professor. Um jovem que conhece Literatura a fundo,
um especialista em Português. Um jovem promissor.
- Que bom, Jesus! Por favor, peça
para ele vir aqui para acertarmos seus horários e honorários.
- Ele já está aqui, padre. É meu
filho Aécio, o professor perfeito.
Naquele fim de ano, as noites
foram curtas para tanto estudo. Meu irmão passou após os exames de segunda “época”, o terror de todo
bom estudante.
Seu Jesus Luna era muito ético, crítico e mordaz. Não
suportava mentiras nem “panos mornos”. Quando percebia as fraquezas dos filhos e filhas, sempre
encontrava um meio de coloca-los bem à frente das mesmas, enfrentando-as. Sofríamos mas aprendíamos.
Os três filhos de Jesus Luna: Arilo, Aécio e Aristênio. |
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