domingo, 10 de fevereiro de 2013






      20.Aécio, o Professor de Literatura e de     
         Língua Portuguesa        
      



Um retalho solto é como uma ilha.Não se comunica. Aqueles 
costurados, ligados, são como continentes com povos,línguas 
e culturas diferentes complementando-se.



Aécio acabara o namoro com a primeira namorada dado os “apertos” que sofrera de nossa mãe. Pouco tempo depois percebi que o "Lourinho" novamente se enamorara. Nunca me revelou o nome de sua musa. Mas como o conhecia bem, sabia que  mergulhara em um mundo só dele. Sabia que no mesmo não havia lugar para mais nada a não ser para seus devaneios e sonhos. Preocupei-me. Tentei fazê-lo retornar à realidade. Ele, entretanto, afastou-me mais de si. “Não sabes de nada, maninha. Es uma mocinha inocente e tímida. Como podes me dar conselhos? Cuida da tua vida que da minha, cuido eu".Deixei-o. Que ele caminhasse pelo caminho que escolhesse. Nossos pais, na hora certa, dele cuidariam.
Aécio  
Padre Agostinho Mascarenhas, diretor do Colégio Santo Antônio e amigo particular do nosso pai, convidou-o a ir ao seu gabinete para conversarem sobre nosso irmão. Após mostrar-lhe as notas escolares de Ecim, avisou que dificilmente  passaria de ano sem ir à prova de segunda chamada, em quase todas as disciplinas. E se estudasse muito.

Indagado por papai, Aécio justificou-se acusando o Colégio:

- É um Colégio meio sem dono, papai. Os professores são despreparados. Não tenho gosto pelos estudos por causa deles, especialmente do professor de Literatura e Língua Portuguesa.

- Como é este professor, meu filho?

-Despreparado. Meio burro. Comete sérios erros ortográficos. Não domina os conteúdos. E para piorar, me marca. Ele me persegue. E me persegue porque eu sou muito bom nesta disciplina.

- E o diretor, meu filho? Onde fica o diretor diante de tanta incompetência?

- Ora, na diretoria. Nem ele nem os pais dos alunos percebem a realidade dos fatos.

- Bem, precisamos acabar com essa “farra”, meu filho.

- Certo, meu pai. Vá contar ao padre diretor o que está acontecendo.

- Vá, não. Vamos nós dois. Afinal, o prejudicado es tu.

Papai combinou com Padre Agostinho a hora e o dia  para o encontro. Havia entre os dois, papai e Padre Agostinho uma amizade sólida. O padre admirava nossos pais pelo modo como nos educavam. Tão logo chegaram à sala de espera da diretoria, o bedeu lhes pediu que aguardassem por uns minutos. O diretor os esperava.

Depois dos  abraços, de sentarem-se, papai foi direto ao ponto:

- Padre, soube que o senhor está com dificuldades com o professor de Literatura.

- Pois é, Jesus, ele acaba de ser aprovado em um  ótimo concurso e como tirou a segunda maior nota, deixar-nos-a em pouco tempo. Ainda não encontrei ninguém para substituí-lo. Estou feliz por ele e triste por nosso colégio. É um excelente professor. Quem o substituirá sem que haja prejuízos para os alunos?

- Quanto a isso, sossegue, padre. Já encontrei um excelente professor. Um jovem que conhece Literatura a fundo, um especialista em Português. Um jovem promissor.

- Que bom, Jesus! Por favor, peça para ele vir aqui para acertarmos seus horários e honorários.

- Ele já está aqui, padre. É meu filho Aécio, o professor perfeito.

Aécio desabou num choro convulso. Papai retirou-se deixando os dois conversarem, encontrarem-se, entenderem-se.

Naquele fim de ano, as noites foram curtas para tanto estudo. Meu irmão passou após os exames de segunda “época”, o terror de todo bom estudante.

Seu Jesus Luna era muito ético, crítico e mordaz. Não suportava mentiras nem “panos mornos”. Quando percebia as fraquezas dos filhos e filhas, sempre encontrava um meio de coloca-los bem à frente das mesmas, enfrentando-as. Sofríamos mas aprendíamos.


Os três filhos de Jesus Luna: Arilo, Aécio e Aristênio.
                                                                          
Os Três novamente: Arilo, Aristênio e Aécio .
                                                             
Os filhos mais uma vez: Aécio, Aristênio e Arilo
                                                                   
As duas pontas, o primeiro e a última: Aécio e Martinha
                                             

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