sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

27. Família Festeira- Aniversários


         27. Histórias do Buriti e da
                Casa da bica


Na dança da vida, dança quem quer e sabe que outra oportunidade não lhe será dada.
Junta seus retalhos, acaricia-os, e mais rico de saberes, saboreia a vida.
                      


Papai, Jesus Cruz Luna e meu marido, Francisco Ribeiro Parente, Chico Parente, aniversariam no mesmo mês, em outubro. Parente, no dia 10 e papai, no 12. Festeiros  como sempre fomos, o que fazia as delícias dos dois, a festa era sempre muito maior do que o esperado e aumentava a cada ano.    
                                                               
*  Francisco Ribeiro Parente: 10/10/1933
           +  Franciso Ribeiro Parente:    08/02/1996          


                                                       

* Jesus Cruz Luna: 12/10/1908
+ Jesus Cruz Luna: 23/09/1986

                                        
                                             
Chico Parente, alegria personificada, encontrou nos Landim Luna a família desejada. Ria-se de tudo. Nada o demovia do planejado: “ A vida é curta. Somente um dia para meu   aniversário festejar, é uma tristeza. Por mim, uma semana ainda seria pouco. Mas, como  ficas emburrada, contento-me com um fim de semana. Três dias inteiros, começando na sexta-feira e terminando no domingo. A comida fica por minha conta, porque a festa é minha e eu gosto de fartura. Mas bebida, eu não bebo, e não vou dar bebidas a ninguém. Esses “baixa da égua” que as comprem". E saia as gargalhadas. Sempre comprou de tudo. Mas falava só pelo gosto  falar sobre sua festa.


> Ariane, Rachel e Rômulo Junior no Buriti.




                             

Hoje, rememorando aqueles nossos plenos dias, penso que eu era meio louca. Como podia cuidar ao mesmo tempo de três casas, cada uma com suas louças, lençóis toalhas, mobílias, geladeira, fogão, e tudo o mais, para não passarmos a vida arrumando bagagens; lecionar quarenta horas semanais, cuidar da moagem, costurar nos fins de semana e cozinhar nas festas as mais extravagantes comidas do mundo? Só loucura ou coisa parecida, pode explicar esse meu comportamento.

                                                

                                   
Quando se aproximava o dia dos aniversários, no início da semana antecedente, escrevia uma lista de solicitações e a enviava a  compadre Pedro, o administrador de nosso sítio, o Buriti, no município de Santana do Cariri. Na sexta-feira sempre encontrava o solicitado a minha espera: um ou dois carneiros gordos abatidos com suas carnes bem tratadas, os dois porcos sangrados, limpos pendurados em galhos de uma mangueira próximo a nossa casa, perus e galinhas depenadas, limpas. O compadre  esfregando as mãos indagava-me:

- E ai, minha cumade tá do gosto da senhora? Fiz tá quá a cumade gosta: sem  pressa e com muito cuidado e as cumade  tão lá dento de casa esperano as orde.

- Está ótimo meu compadre. Trouxe seu café e seu fumo. E a comadre Maria pôde vir?

- E ela havia de fartá? Se tá doente, quano sabe que a cumade precisa dela fica logo boa. A comade é o mior remédio que há, pra minha muié. 

Em companhia das comadres, transformava  um dos  porco em linguiça, temperava os pernis e demais carnes, punha tudo bem arrumado em freezeres. Na sexta-feira da semana seguinte, logo cedo, chegava ao sítio. As comadres já me esperavam com o forno de barro, quente. E de nossas mãos saiam sequilhos, bolos, manzapes, perus e papos de perus recheados, queijo de manteiga, queijo de prensa , doces, os mais variados, e aluás.

 Como é que eu conseguia fazer tudo aquilo? Não tenho a menor ideia.





Na sexta-feira, chegavam: Nibinha,( Dr Aníbal Viana de Figueiredo) e sua esposa Marineide, Antônio Alcides e Mary Stella com Marquinhos, meus irmãos e irmãs com filhos, filhas, o pessoal de titia Nair que preferia voltar para dormir em Juazeiro, e retornar no dia seguinte. Muita gente.

Nibinha abria a porta da “bodega” (despensa), e exclamava:

- Precisamos de uma filmadora. A dona desta casa é maluca. Nunca em minha vida vi mais de vinte metros de linguiça pendendo de uma corda. Ela é louca ou mágica. Agora eu sei, Chico Parente, porque você vive rindo. Com uma mulher desta, o cabra vive rindo mesmo. Marineide, venha ver. Não há quem acredite. Olhe Marineide, tudo organizado em caixões como numa mercearia: arroz , feijão, milho, goma, farinha. É uma casa mágica. E eu ainda não bebi nada. Não estou tendo visões. Eita vidão, doutorzinho! Eita que vida boa! Que pena dos colegas que não foram convidados! Pois é, cuidado! Não convide gente chata. Só convide gente como a gente. Gente decente que sabe curtir a vida. Viva Chico Parente! Viva Seu Jesus! Viva a dona da Casa, dona Aide Parente, que vai aturar a gente, por três dia. E as dançarinas do Solzinho, já chegaram? Eita Tomtom, tu hoje te acabas, meu camarada.


E vindo de cima da "serra" chegava o sanfoneiro e seus acompanhantes. 

                                                               






Do Solzinho vinham os trabalhadores da moagem, e as dançarinas. E no calçadão da casa, o "forró de pé de serra" varava a noite. 

                                                  



Lá pelas três horas da madrugada, cansada, eu chegava junto ao sanfoneiro e dizia:

- Esta é a saideira. Feche sua sanfona, por favor. Retorne amanhã.

- Que história é essa, maninha. Eu, Aécio Luna, rodei seiscentos quilômetros de Fortaleza até aqui, vou rodar seiscentos de volta, para a festa de teu marido, e tu vens com esta? Toca a sanfona tocador, quem manda nesta “jossa” aqui  sou eu, o irmão mais velho. Chico que é Chico, o dono, fica ali só cochilando, e  ficas, maninha, querendo acabar com nossa alegria? Vá dormir que teu mal é sono. Toca tocador. Esta festa só acaba quando quebrar a barra. Quer beber tocador? 

E assim a festa continuava por três dias. Ninguém tinha o direito de dormir.

- Vamos dormir, Aécio. Precisamos descansar. Amanhã tem mais.

- Descansar? Mais que coisa! Descansar é para quem morre. Descanso eterno dai-nos Senhor, não agora. Descansar? Vai-te daqui, Maninha. Descansar!... Para que nos convidaste? Agora aguente. Bota fogo na canjica tocador. Tocador quer beber?


Aécio, Ecim: o Primeiro Landim Luna de Barbalha.


   
                       Aristênio, Tenoca, Rangó o terceiro Landim Luna de Barbalha.

Parecia-me que nunca acabava.  Era uma festa emendada na outra. Só alegria. Bagunça entre irmãos que se curtem. Regosigo de primos que se reencontram. Felicidade do dono da festa que se deliciava com as “presepadas” daqueles que nunca teve como cunhados, mas como irmãos. Sinto uma alegria imensa recordando nossos encontros. Será que há famílias iguais a nossa? É muito bom ter vivido essa cumplicidade despojada, essa confiança ilimitada que curtimos juntos. Creio que aqueles momentos me sustentaram quando os mesmos me foram tirados. Tanto bem me fizeram, que sinto hoje os sabores, os odores, os amores, a VIDA VIVIDA INTENSA E SABIAMENTE.

Aide Luna Parente



Aide, a segunda Landim Luna de Barbalha e
Arilo o quinto, também Barbalhense.
Aquele que abriu a porta as outras quatro.
Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só,
porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por  acaso  
."

Charles Chaplin




Ariane, A sexta Landim Luna de Barbalha
A vida me ensinou...

A pedir perdão; a sonhar acordado; a acordar para a realidade (sempre que fosse necessário); a aproveitar cada instante de felicidade; a chorar sem vergonha de demonstrar; me ensinou a ter olhos para ' ver e ouvir estrelas', embora nem sempre consiga entendê-las; a ver o encanto do pôr-do-sol; a sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser; a abrir minhas janelas para o amor; a não temer o futuro; me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que que mesma tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher. Sou feliz amo minha vida, minha família, meus amigos, meu amor, meus colegas, meus rivais !
·         Charles Chaplin .·    
Maria Aline,a sétima LandimLuna
      
       Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo o que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse pra baixo, de inicio minha razão chamou essa atitude de egoísmo, hoje sei que se chama amor próprio."Charles Chaplin






                                                                    Ângela Marta, a nona Landim Luna de Barbalha


                                                                                                                                    

                  

Margarida Aíla, a oitava Landim Luna,
barbalhense.


A vida

A vida é como uma peça de teatro
Portanto: Sorria,chore,apaixone-se,
viva a sua vida e seja feliz antes que as cortinas fechem-se
 e sua peça termine sem aplausos."

Charles Chaplin






                                                                              
Aride Maria, a quarta Landim Luna,barbalhense.

 Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim."
Charles Chaplin
                                                                                    
                                                                 
Francisco Ribeiro  Parente e Aide Landim Luna, barbalhenses,
 iniciando sua caminhada sem medo da felicidade.

07/07/1957 : Primeiro Encontro.


"Viver, e não ter a vergonha de ser feliz.
Cantar e cantar e cantar,
A beleza de ser um eterno aprendiz.
Ah meu Deus eu sei, 
Que a vida devia ser bem melhor e será.
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita.

E a vida,
E a vida o que é diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração.
Ela é uma doce ilusão,
Mas e a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento
Ela é alegria ou lamento
O que é, o que é, meu irmão


Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo
É uma gota é um tempo que nem dá um segundo
Há quem fale que é um divino mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida e viver
Ela diz que melhor é morrer pois amada não é
E o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der ou puder ou quiser

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita

Eu fico
Com a pureza da resposta das crianças
É a vida, é bonita e é bonita."

Gonzaguinha



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