9. BATIZADOS E
Quando Liv, nossa primeira neta
nasceu, eu e Parente olhávamos para ela e nos parecia impossível que aquela
menininha fosse filha de nossa filha. O tempo passara rápido demais. “Como não
nos demos conta disso?” Perguntávamos um para o outro. “Estamos ficando velhos,
somos avós”. Não nos era possível desgrudar os olhos dela. Um amor diferente,
ardente, um tanto irresponsável, protetor, sem nó ou amarras, cúmplice, nos
inundou totalmente. Tivemos certeza de que aquela neta reinaria em nossa casa.
E com ela todos os que nascessem de nossas filhas.
O avô todo contente segredou-me que já
lhe escolhera um belo presente: um potro lindo filho de seu cavalo, o Príncipe.
E acrescentou que levaria a neta consigo à Barbalha para que escolhesse o couro
e tudo o que necessário fosse à confecção de uma pequena e bela sela e arreios.
E acrescentou:
- Sei que estás aí admirada de eu já
pensar em nossa neta recém-nascida, cavalgando pelo Buriti. Mas te asseguro,
não é pressa. Quatro anos passam com rapidez. Logo, logo Liv por nosso Buriti
cavalgará, e melhor do que sua mãe. Apenas um mandamento desejo vê-la cumprir:
nunca emprestar sua sela. Por isso mandarei fazer um saco de lona, tipo mala,
com argolas, cadeado e chave. O presente então, completo estará, e o risco não
correrei de ver a selinha usada em jumentos, ou ao chão atirada.
- Mandamento estranho este que
criaste. Mas estás certo. De minha parte já encomendei um presente especial.
Juntas o usaremos antes dos seus dois anos.
- Juntas o usarão? Então o presente é
teu e não dela. O que tramas, mulher?
- Bem, encomendei uma moto vermelha
especial. Um transporte de duas rodas que detestas.
- E pensas sair por aí com nossa neta?
Seus pais permitirão?
- É algo que não podes imaginar.
Então, como no teu presente não opinei, o meu, tens que respeitar.
- Que seja. Acreditar ver minha mulher
e minha neta , numa motocicleta vermelha passeando, é impossível.
- Bem já que ficaste sabendo e não puseste
opções, tudo bem. Deixemos o tempo falar. Os pais de nossa neta, Carlos
Gutemberg e Thereza Denise, à imaginação da filhinha, creditarão nossos
passeios. Como já te pedi, deixemos que o tempo fale.
E o tempo falou. O avô presenteou a
neta tal qual havia planejado. Ela pequenina, pelo Buriti cavalgava.
Acompanhava o vaqueiro tocando o gado do cercado para o curral. Na poeira escura,
de nossa vista quase se perdia. Entretanto, firme no cavalo continuava,
cantando e galopando.
Quanto à moto vermelha, esta a usamos em passeios fantásticos, loucos, lindos, infindos... passeios só nossos e dos quais nunca nos esqueceremos. Passeios indescritíveis, plenos de alegria e felicidade. Pelo mundo todo passeamos sempre seguras e despachadamente. Quando, exagerando nas estripulias, a vermelhinha arrebentou seus pneus, perdeu sua graça, força e magia. Como de outras vezes ela sempre se auto-concertava, esperamos vê-la renovada. Tal não se deu. Os rasgões atingiram centros importantes de sua manutenção. Mesmo sabendo que não havia como recuperá-la com recursos terrestres, disse a minha neta que a levara para uma boa oficina de conserto e que, certamente, a teríamos de volta tão logo o reparo se desse. Na verdade, envolvi-a em lençóis de flanela, guardei-a cuidadosamente em uma caixa de zinco também forrada de flanela, que mandara fabricar em Juazeiro do Norte, acrescentei uma caixinha contendo o que hoje sei serem chips e não conhecidos por nós aquela época, tal qual o doador da mesma, um jovem astronauta que usava terras nossas para estacionar sua astronave, havia-me instruído que fizesse se algum problema que a própria moto não pudesse solucionar e enterrei-a com um bilhete no Buriti, aguardando que o jovem astronauta, que costumava estacionar seu OVNI naquele lugar, retornasse e a pusesse a funcionar ou, gentil como sempre, presenteasse-me com outra igual aquela primeira. Liv estava então com seis anos e esperava poder partilhar com o irmão Ian os deliciosos passeios. Os dias passavam e meu amigo não retornava. Nasceu minha segunda neta, Sarah, filha da Rachel e do Ricardo. Ricardo Luna já estava a caminho. Meu amigo não aparecia. Talvez estivesse explorando novas galáxias. Aconteceu, então, a partida de meu Chico Parente e com ele minha decisão de não por meus pés em nosso querido Buriti. Então como fazer para encontrar-me com meu amigo e resolver a questão da moto? Acreditei que ele encontraria um meio de comunicar-se comigo. Até hoje tal não se deu. Daí o porquê de, dos meus quatro netos, somente Liv, a primeira, haver perambulado pelo planeta terra na mágica moto vermelha. Como a velocidade com que os objetos voadores deslocam-se nos diversos planetas é diferente do que acontece em nossa terra, ainda espero que meu amigo retorne e, após ler o bilhete que lhe fiz, nos presenteie com outra moto vermelha. Meus bisnetos adorariam que tal se desse.
Quanto à moto vermelha, esta a usamos em passeios fantásticos, loucos, lindos, infindos... passeios só nossos e dos quais nunca nos esqueceremos. Passeios indescritíveis, plenos de alegria e felicidade. Pelo mundo todo passeamos sempre seguras e despachadamente. Quando, exagerando nas estripulias, a vermelhinha arrebentou seus pneus, perdeu sua graça, força e magia. Como de outras vezes ela sempre se auto-concertava, esperamos vê-la renovada. Tal não se deu. Os rasgões atingiram centros importantes de sua manutenção. Mesmo sabendo que não havia como recuperá-la com recursos terrestres, disse a minha neta que a levara para uma boa oficina de conserto e que, certamente, a teríamos de volta tão logo o reparo se desse. Na verdade, envolvi-a em lençóis de flanela, guardei-a cuidadosamente em uma caixa de zinco também forrada de flanela, que mandara fabricar em Juazeiro do Norte, acrescentei uma caixinha contendo o que hoje sei serem chips e não conhecidos por nós aquela época, tal qual o doador da mesma, um jovem astronauta que usava terras nossas para estacionar sua astronave, havia-me instruído que fizesse se algum problema que a própria moto não pudesse solucionar e enterrei-a com um bilhete no Buriti, aguardando que o jovem astronauta, que costumava estacionar seu OVNI naquele lugar, retornasse e a pusesse a funcionar ou, gentil como sempre, presenteasse-me com outra igual aquela primeira. Liv estava então com seis anos e esperava poder partilhar com o irmão Ian os deliciosos passeios. Os dias passavam e meu amigo não retornava. Nasceu minha segunda neta, Sarah, filha da Rachel e do Ricardo. Ricardo Luna já estava a caminho. Meu amigo não aparecia. Talvez estivesse explorando novas galáxias. Aconteceu, então, a partida de meu Chico Parente e com ele minha decisão de não por meus pés em nosso querido Buriti. Então como fazer para encontrar-me com meu amigo e resolver a questão da moto? Acreditei que ele encontraria um meio de comunicar-se comigo. Até hoje tal não se deu. Daí o porquê de, dos meus quatro netos, somente Liv, a primeira, haver perambulado pelo planeta terra na mágica moto vermelha. Como a velocidade com que os objetos voadores deslocam-se nos diversos planetas é diferente do que acontece em nossa terra, ainda espero que meu amigo retorne e, após ler o bilhete que lhe fiz, nos presenteie com outra moto vermelha. Meus bisnetos adorariam que tal se desse.
E o batizado, como aconteceu?
Os pais da Liv combinaram conosco, seus avós, que sua filha
batizariam no dia 24 de julho, féria
escolares, para que a família pudesse estar presente. E como não poderia ser
diferente, o Guga, Gustavo, resolveu que sua Primeira Comunhão aconteceria também
em Crato, naquele mês de julho, na casa da tia Aide e do tio Chico. Animados
ficamos.
Naquele mesmo mês e ano, Marinha, seu
marido Julio e os filhos Aline e Julinho passavam as férias conosco na casa da
Bica. Alinezinha, para nossa alegria aumentar, quis ser batizada junto com a
priminha. Alegria Maior.
Denis e Clécia, amigos-irmãos de Tetê e de
Carlim, resolveram seu primogênito, amigo-irmão da Liv, o Yuri, batizar também
naquela data. Uma alegria a mais, não
esperada.
É muita GRAÇA, muita festa pensamos:
três batizados e uma Primeira Comunhão. Chico Parente esfregando as mãos e
rindo disse-me: “ Isto requer de ti, minha mulher um trabalho especial.”
Combinamos que faríamos a festa em
Crato e não no Buriti. Que Festa foi aquela! Talvez a maior acontecida na Casa
da Bica. Liv toda de branco, um encanto. Alinezinha com flores cor-de-rosa no
vestido bordado. Padre Ágio, mui
contente presidiu a celebração na capela do Belmonte.
Batizado >Carlos Gutemberg, Liv e Thereza Denise |
.
Para aumentar o encanto, uma menina da
comunidade do Belmonte, resolveu juntar-se a nós e fazer com o Guguinha, sua
Primeira Comunhão. Cinco crianças naquele belo dia, de Jesus, graças especiais receberam.oS pais do Guga, Ariane e Oswaldo, desta vez não faltaram.
Na frente > Dindinha, Carlim, Gustavo, Maria, Atrás: Moacir, Marcos, Parentim, Dudu e Ariane |
A festa, preparei-a com a ajuda
preciosa da nossa Maria Alexandre, sem atropelos ou agonia.
Na alegria antecipada do preparo dos petiscos,
não me dei conta da neblina que caia e me envolvia. Maria advertia-me:
- Dona Aide, está muito frio e
neblinando. É melhor que trabalhemos dentro de casa, abrigadas.
- Ora Maria, o lugar melhor para o
tempero de tanta carne é este aqui debaixo desta bela castanheira.
- Mesmo sendo o lugar ideal, acho que
a senhora está exagerando. Vista, pelo menos, um bom agasalho e ponha uma touca
de lã na cabeça.
- Teimei. Continuei desagasalhada. Após três ou quatro dias de trabalho com toda
a comida bem arrumada nos frizers, dei por finda a primeira tarefa. Corri para
a segunda: preparar a liturgia para a celebração e providenciar livrinhos para
todos os participantes. E, por falar em participantes, todas as tias queriam ser madrinhas. E foram: madrinha da
vela, da água, do sal, da veste branca, de Consagração. Quis saber como a Capela
e o local da recepção seriam ornamentados. Meti-me em tudo, como sempre.
Quando, na véspera da festa, procurava
organizar o que vestiria, senti-me mal e com falta de ar. Uma gripe que me
levou a uma pneumonia, instalou-se. Não pude participar daquela celebração
especial tão esperada.
Convenci toda minha família a se fazer
presente a celebração. Até meu marido que queria me fazer companhia, convenci-o
a não faltar aquela festa, única em nossas vidas.
Febril, em nossa casa na cidade de
Crato, recebia notícia de tudo o que na Casa da Bica acontecia. Chico Parente
sentia minha falta mas como me prometera, dela participou por inteiro e, pelo
telefone, solicitava aos convidados que comigo conversasem. Tetê também sentiu minha
ausência, mas portou-se a altura do acontecimento. A vida tem dessas coisas.
Hoje olhando para aquele tempo vem ao meu coração uma passagem bíblica que nos
ensina: “um é o que semeia, outro o que colhe, mais quem faz crescer é Deus.
Plantei. Colheram. Mas Deus é quem fez a GRAÇA acontecer naquela grande e feliz
festa. A Ele agradecemos por tão feliz e santo momento que por toda eternidade
perdurará.
ADENDO
Flavinho e Gustavo quando crianças e
pré-adolescentes, vinham nas férias, sem os pais, ficar conosco, comigo e com o
tio Chico. Em Fortaleza visitamos juntos, muitos lugares: praias, restaurantes,
barzinhos. Aqui em nossa casa, em Crato, tio Chico dormia cedo, nós três na
televisão, ficávamos até a meia noite. Então, aceitando meu convite , pela vez
primeira surpresos, atravessávamos o Crato e nos entupíamos de uma Pitza
gostosa, numa casa de massa famosa.
Sinto falta deles e de todos os
sobrinhos. De todos eles, Alexandre permaneceu fiel ao que viveu na infância:
“o natal só é bom, na casa da tia Aide.” Bubu, Bruno, parece que aprendeu o
caminho, e passou a festejar conosco.
NATAL NA CASA DA TIA AIDE- CRATO 2012
NATAL NA CASA DA TIA AIDE- CRATO 2012
Sentados- Arilo, Aristênio e Aline. De pé: Rachel, Alexandre T. Denise, Caroline e Bruno. |
Creio que tio Chico com seu modo de ser, ensinou
muito aos sobrinhos e a toda nossa família. As crianças nunca o viram triste.
Nunca tiveram medo dele. Respeitavam-no e o amavam. Todos, sem exceção,
cuidavam de nunca o magoar. Este sentimento relacionado a Deus é chamado de “ O
Temor do Senhor”. Não é medo. Vem do
amor. Ama-se, considera-se, sente-se o carinho. Cuidando e temendo ferir PESSOA
tão perfeita e bondosa. Vigia-se para não feri-la de nenhum modo: por atos,
desconfiança ou pensamentos. Posso estar enganada, mas sempre vi em minhas
filhas, irmãs, irmãos, sobrinhos e sobrinhas e nos Landim Leite este sentimento
nas relação com o meu amado Chico Parente. Exageros?
Creio que não, porque em mim, experimentei-o sempre com relação a ele e a muita
gente. Bendigo a Deus que providenciou para que tivéssemos Francisco Ribeiro
Parente, Chico Parente, em nossas vidas. Bendigo-O mais ainda porque com meu
amado aqui da terra, aprendi a AMAR SEM MEDIDA, O AMOR.
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