domingo, 10 de fevereiro de 2013

23. MARGARIDINHA E ALVAIADE





               23. Margaridinha e Alvaiade                     

                                
                    De retalhos  coloridos,  leves,  lindos,  transparentes, voadores as
                    borboletas prenunciam aos Landim Luna, alegrias, paz e e amores
                               

                    .
                                   .
Quando Margarida Aila nasceu, pensávamos que choraria, fecharia os olhos e, em seguida, voltaria para a companhia dos anjos de onde viera.
                                              

Nasceu sub-nutrida, pele e osso, dado os enjoos terríveis que acometeram a  mãe durante sua gestação.  Apreensiva, logo após sua chegada ao planeta terra, mamãe a envolveu em cueiros e ma entregou para que eu corresse até a casa paroquial e solicitasse  ao vigário que a batizasse. Aécio e eu somos seus padrinhos. 
                                                              
Margarida Aíla

Aquele corpinho frágil, porém, abrigava uma inteligência privilegiada, uma alma grande, forte, alegre, gentil, risonha, de bem com a vida. “ Seus braços foram treinados para as batalhas, seus dedos para a guerra”. Sobreviveu e viveu com alegria, sua vida sofrida de menina com saúde frágil. Ela  com três anos, Martinha, Ângela Marta, com dois, formavam uma dupla imbatível. Martinha, arrebitada, indócil, indomável, rendia -se inteira àquela sua parceira de dores, sonhos e brincadeiras. Eram almas irmãs.





Do pai, Margarida Aíla herdou a facilidade de transformar tragédias em piadas. E que boa piadista ela foi! Há pessoas que vêm ao mundo para trazer alegria, paz, bom-humor e felicidade. Margarida Aila faz parte desse grupo especial.  
                                        

Tanto ela quanto os outros irmãos, aguardavam com ansiedade a sexta-feira, dia  inicial dos nossos fins de semana. Margaridinha, abraçando-me,um dia  interrogou-me:
- Madida, por que inventaram a semana tão comprida?

- Comprida, Margaridinha? Mas são apenas sete dias.

- E por que não são apenas três? 


- Três, Margô? Que tens nesta tua sábia cabecinha a nos dizer ou a propor?

- Ora, eu acho muito do chato tanta fêra. E nem é fêra. A fêra aqui, em Barbalha, é no sábado.  Se é segunda-fêra, aonde tá a fêra? E a terça-fêra, onde escondeu a fêra? E a quarta-fêra é uma  mentirosa grandona... Nunca teve fêra nessa tal inxirida. Mas deixa  eu crescer, vou sê prefeita e endireitá essa bagunça. Vai sê muito do bom: a semana começa com a fêra de verdade, com muita gente na rua. Tiro a fêra do sábado. A fera será na Sexa. Aí tu vais, Madida,  com a gente tudo junto, comprar coisa gostosa na fêra de verdade, na sexta-fêra. Tá vendo? Até o nome tá certo. A gente leva cesta pra fêra.   Sexta-fêra é dia de levá cesta sem nada, e trazer ela cheinha de   coisa boa que só tem na fêra. Assim tá tudo certo e sem mentira.                                  

Sábado, este sim, este é dia só de alegria, de folia, tu ficas sempre aqui conosco. É mais do que bom. Sábado dia de alegria, de danças, de cantigas, de folia, de comida boa, de felicidades.


Sábado, dia de alegria e de muita folia

E o domingo, é muito mais do que bom. Vamos com papai fazer passeios lindos. Eu gosto demais do domingo. No domingo tu dormes quase o dia todo porque saímos com papai. Corremos e brincamos. Á tardina, tu nos enfeita, e vamos passear na praça, chupar picolé, comer pipoca. Eu vou ser prefeita para criar uma semana só com três dias. O que é que achas do meu plano, Martinha?

- Eu, ajudo tu, Catila, assim Ida não tem mais dia pra ir pro Crato. Tá bom demais. Eu tenho ódio da segunda-fêra.

- Estão fando muito errado, não é fêra e sim, feira, F E I R A.

- E daí, Madida, tanto faz. Martinha e todos nós detestamos a segunda- feira. Vais pro o Crato e ficamos sozinhas.


- É verdade.Vou ao Crato toda segunda-feira. Vou para estudar, e muito. Preciso me formar, trabalhar e lutar para poder cuidar desses "pacotinhos" que caíram no meu colo,  dessa "irmandade" desenrolada linda, cada um diferente do outro. Estas meninas bonitas, a magrelinha que está em Juazeiro e o menino bom  que me   deram de presente:  meu filho e minhas quatro filhas do coração.



Mas, sempre, na sexta, e as vezes até na quinta-feira, estou aqui. Nunca faltei nem pretendo faltar. Reclamas porque tens a língua grande, dona Margarida. Margô, a faladeira.



                                                            


- É, até pode ser. Mas se tu, Madida, quiseres como nossa mãe quis, ir pro o céu? Fico pensando nisso muitas vezes, até  minha cuca  doer.

- Pois estás pensando errado novamente, Margarida Aíla. Nossa mãe nuca nos deixaria. Ela não foi para o céu assim, tão cedo, sem avisar, porque quis. Em nossa cabeça temos muitas artérias.

-Artérias? E eu lá sei o que é artérias.

- São como canos  por onde passa o sangue bom. E há muitas artérias dentro de nossa cabeça, irrigando nosso cérebro. Pois bem, um desses canos quebrou-se e derramou muito sangue dentro da cabeça de nossa mãe. Explicando novamente: nossa mãe não foi para o céu por vontade própria. Temos artérias em nosso cérebro, que são como veias, como essas que podemos ver em nossas pernas. Pois bem, uma delas rompeu-se, derramou muito sangue  dentro da cabeça da nossa mãe.

- Ah! É por isso que saia sangue pelos ouvidos e pelo nariz dela. Tive tanto medo!

- Se eu estivesse aqui na hora do acontecido, nunca teria permitido que vissem mamãe após sua morte nem , tampouco, no caixão. Quando cheguei de Crato, vocês estavam apavoradas, chorando sem entenderem nada.

- Acho que aconteceu com ela como acontece com a nossa caixa d'água. Quando aquele negocim quebra e não fecha o cano, a água enche a caixa e vai descendo pela escada, e enche o quintal e fica aquela meladeira danada.

- É isso mesmo. Foi o que aconteceu com nossa mãe. O sangue encheu sua cabeça e não cabendo mais lá dentro, escorreu por onde pode passar.

- Será que ela sentiu muita dor, Madida?

- O médico, doutor Pio Sampaio, disse-me que o "cano" rompeu-se com  muita violência, assim,  mamãe, que estava dormindo, não sentiu muita dor.

- Será que vai acontecer contigo o mesmo que aconteceu com ela ?

- Não, Lina, não vai. Nossa mãe, desde que nasceu, tinha um aneurisma. Aneurisma é como um nozinho, ou um um entupimento no cano. O nozinho explodiu e nada mais podia ser feito.

- E tu tens certeza, Madida, que não tens o danado de um nó em tua cabeça?

- Podem ficar sossegadas. Eu não tenho nó nenhum. Vou viver muuuuuuuuuuuuuuuito,masmuuuuuuuuuuuuuuuuuito,muuuuuuuuito mesmo. E nunca, nunca,nunca, nunca, nunca, nunca, nunca, nunca, nunca 
Nuuuuuuuuuuuuuuuuuca,Nuuunuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuca, NUNCA MESMO, as deixarei sozinhas. Entenderam?

- Só queria saber se o vazamento da cabeça de mamãe podia ser consertado como o vazamento da nossa caixa d'água é consertado, não sei quantas vezes.

Se o vazamento da cabeça de nossa mãe fosse concertado, ela estaria aqui conosco, mas não seria a mesma mãe que conhecemos.

- Não entendi nada. Tu entendeu, Lina?

- Não. Eu também não entendi.

- Pois bem, eu explico melhor. Nossa cabeça é como um rei e uma rainha. Manda em tudo. É a cabeça quem manda em nosso corpo. Nela está o que pensamos, ela guarda nossos pensamentos, ela é quem nos avisa que estamos com fome, com sede, e quem nos diz se a comida está gostosa ou ruim. Nela estão guardadas nossas lembranças. Ela é quem dá as ordens para nos movimentarmos... Precisamos cuidar bem de nossa cabeça, daquilo que pensamos, para que ela esteja sempre limpa, contente, alegre e assim podermos viver bem, e até voar como as borboletas.

- Eita que exagero, Ida. Voar? 

- Continue, Madida, tô entendendo tudo direitim. Agora deixem ela explicar o resto, meninada.

- Quando o aneurisma, o nozinho, rompeu-se, encheu todo crânio de nossa mãe, de sangue. Crânio é esta parte dura coberta de cabelos que chamamos cabeça. O sangue derramado entrou em todos os lugares e apagou ou misturou  tudo dentro da cabeça da mamãe. Se ela tivesse sobrevivido, estaria hoje aqui sem conhecer nenhuma de nós, não se moveria, não falaria, não poderia respirara ou comer direito. Sofreria muito. Pensem bem, ela seria como uma planta: teria vida mas não poderia  movimentar-se.

- Ah! Meu Deus que coisa ruim e triste!

- Então, Deus  levou-a para junto Dele. Ela agora vive outra vida. Não sofre, não chora, não precisa trabalhar , não precisa de nada. Tem TUDO. E, como está junto de Deus, pede a ELE por nós e ELE a atende. Não fiquemos tristes. Nossa mãe está alegre porque sabe que ficaremos muito bem. Todos nós unidos ajudando um ao outro. E tem mais: primeiro Deus deu a nossos pais quatro filhos: Ecim, Eu, Tenoca e Bida. Depois de seis anos chegaram cinco filhos: Dirmano, Ariane, Lina, Margaridinha e Martinha. Então os mais velhos vão cuidar bem dos mais novos. 





E, querem saber de uma coisa? Vamos acabar com esta conversa que encompridou demais e por isso  ficou muito chata.

- " Como a história está ficando muito chata, como a história está ficando muito chata, como a história está ficando muito chata, você quer outra? Você quer outra? Você quer outra? Eu vou contar."

- Era uma vez um barquinho pequenino...

E começaram a cantar  a "cantiga do barquinho" para não pensarem mais na falta que a mamãe lhes fazia.




Rindo, alegres, as três abraçaram-se. Margarida,  porta-voz das duas, expressara sua saudade, a falta que sentiam de nossa mãe, amenizada por minha presença nos fins de semana.

Arilo, mais do que elas, sentiu a súbita partida  da mãe e saudades minhas. Buscava esconder suas dores fugindo de casa, criando "galos de briga", caçando passarinho com baladeiras (estilingues), juntando-se à Anginha  e a Rurru, (Ângela e Jesus, primos de sua idade e vizinhos), e com eles  percorrendo nossa Barbalha. Muitas vezes, refugiava-se na cama, ou brincava solitário.


Quando de seu nascimento, dona Iaci  chamou a mim e a meu irmão Aécio, em seu quarto, abriu o cortinado do berço do recém-nascido, Otoniel Arilo, Otonielzinho, como o chamava e, solenemente, nos participou: "A ti, Aide, e a ti, Aécio, cabe cuidar bem deste pequenino. São, de agora em diante, o segundo pai e a segunda mãe deste tão esperado e desejado menino. E cobrou-me aquela verde maternidade. Cabia-me velar pela criança, ajudá-la com as tarefas escolares, banhá-la, e estar sempre à sua disposição. E o sabidinho, valendo-se disso, quando não conseguia boas notas, ou quando  cometia um erro, justificava-se à mãe dizendo:" A culpa não é da minha, mamãe, a culpa é da Ida que não me ensinou a lição"." A culpa é da Ida, que não cuidou bem de mim".  A Ida divertia-se com o menino lindo que recebera da mãe. Ele, por sua vez, até hoje carrega em si a certeza de que velo, e dele cuido da maneira que me é possível, aconselhando-o e orando para que tenha "juízo".

Pouco tempo depois da partida de nossa mãe, em um dos fins de semana que passava em Brabalha, minhas irmãs mais novas, Lina (Maria Aline), Margaridinha e Martinha estavam inquietas e desanimadas. Por mais que tentassem, não podiam esconder a  tristeza que as envolvia.


                                      



Então, "dei um chute no estabelecido para quem estivesse de "luto":não sair de casa, vestir-se de preto, não brincar nas calçadas, e outras sandices mais.



Convidei-as  a  por nossas cadeiras na calçada. Alvoroçadas, amaram a ideia. Divertimo-nos. Brincamos de adivinhação.Tal se deu antes das dezessete horas. O Mercado Público, vizinho nosso, ainda estava aberto. Deu-me uma vontade enorme de comer cocadas brancas de uma quituteira que as vendia no primeiro box do referido mercado. Com Maria Aline em meu colo, olhei para Martinha sentada em sua cadeirinha de balanço e disse:

- Martinha, compra com este dinheiro, cocadas brancas pra nós.
- (silêncio)

- Martinha, estás me ouvindo?
- (silêncio total)

Ri ao perceber que ela cruzara os braços, olhava fixamente para o alto e balançava as pernas.

- Martinha, por favor, será que  podes comprar cocadas brancas para nós?

- Ah! Poder, eu posso.

E saiu de bumbum arrebitado, balançando a cabeleira, como uma leoa.
Esta Martinha, nunca soube ou pode dar um não a Margaridinha. Ela solicitava para si tão pouco, que corríamos a satisfazer, honrados, seus poucos desejos.

Mamãe divertia-se com Margaridinha, especialmente, com seu vocabulário. Nunca usou a expressão “ de jeito nenhum”. Falava: de jeito nem dois eu faço isso. De jeito nem dez ..., conforme a solicitação que lhes fizessem e a qual não atenderia.

Em nossa casa, antes da partida de nossa mãe, trazido por papai, chegou um jovenzinho de aproximadamente quatorze anos para ajudar na lida com o gado. Sua pele escura como a do Pedro,  não era azeitonada. Creio que ao vê-lo, mamãe e todos nós do primeiro time, nos lembramos do nosso Pedro. Talvez  por isso mamãe indagou:

- Francisco,  sabes ler e escrever?

- Não, senhora. Nunca fui à  escola.

- E queres aprender a ler e a escrever?

- Quero, minha patroa.

Pois bem, amanhã começaremos com nossas aulas. Todas as noites, as sete e meia estaremos sentados naquela mesa, estudando.

Papai tinha mania por apelidos. Esses, geralmente, expressavam o antônimo da característica mais evidente da pessoa. A Francisco, coube o apelido de alvaiade. Alvaiade é uma tinta branca que, naquela época, havia em pedra arredondada. Quando nossos sapatos de lona branca, fanabor, estavam sujos, eram lavados com água e sabão e  depois de bem secos ao sol, "pintados" com uma mistura de água e raspas de alvaiade . Ficavam como novos.

Papai ao apelidar Francisco de alvaiade, mostrou-lhe a pedra de tinta branca e disse:

-Vê, isto que te mostro agora é uma tinta chamada alvaiade. É apenas uma tinta que desaparece quando a sujeira é forte. Agora olha como é diferente da cor da tua pele. Tua pele é escura, a tinta é branca. Pois bem, nesta casa, a cor da pele não importa. Importa a cor do coração, dos pensamentos , das ações.

Os pensamentos e intenções que trazemos no coração dizem qual é nossa cor. Par nós, tua alma é pura, limpa, bonita como a alma de um menino bom. A bondade é diferente do alvaiade. Permanece sempre no coração, se cuidamos dela. Agora pega com tuas mãos esta pedra de tinta branca. Ela é tua. Nunca te esqueças do que eu te disse hoje: procura ser sempre reto, bom, amigo e se cometeres algum erro, nunca use o alvaiade para esconder o erro. Reconheça que errou, e toque a vida para a frente. E para garantir que não esquecerás o que te disse, de hoje em diante, te chamaremos de Alvaiade.



Francisco, rindo, embrulhou a pedra no papel de seda que papai lhe dera e guardou-a em sua maleta. E sempre que a via ria-se e repetia aquilo que ouvira de seu Dijesus. Assumiu o novo nome com alegria de criança. Nosso amigo e ajudante passou a fazer parte de nossa família. Nós o adotamos totalmente.         



                                              
Em uma das noites em que Alvaiade estudava fazendo a cópia de um texto. Magaridinha que se sentara em um banquinho alto,queria, a todo o custo, fazer a tarefa do rapazinho. Este, não dispondo de muito tempo, procurou demovê-la da ideia e continuou com sua tarefa. Percebendo que não conseguiria tomar o caderno do estudante, a menina, tocando no braço do rapazinho, pediu-lhe que a escutasse um pouco.

- Tá bom, Margaridinha. Tá bom. Eu escuto o que tens a me dizer.

- Alvaiade, vamos brincara de ser outra pessoa.

- Brincar de ser outra pessoa, Margaridinha, que brincadeira é essa?

- É simples. É simples mas é de verdade. Eu explico: de agora em diante, eu sou Alvaiade e tu és Margaridinha. Entendeste?

- Entendi. Eu sou Margaridinha e tu és Alvaiade. Fechado.

Voltando-se para o caderno e sua cartilha, Alvaiade recomeçou  sua cópia.

- Margaridinha! MAR -GA- RI- DI- NHA! O QUE  ESTÁS FAZENDO COM  MEU CADERNO E COM MINHA COPIA? Toma teus lápis de cor e teus brinquedos e me da, Margardinha, meu caderno e minha cartilha. Tua mãe não vai gostar se não encontrar minha tarefa terminada.

Mais do que ligeira, arrebatou das mãos do moço seus pertences e entregou-lhe os brinquedos e os lápis de cor. Raciocínio rápido. Argumentação perfeita. E tinha apenas um pouco mais do que três anos de idade.


Cinco Irmãos mais novos, cinco palmeiras. 
 Raízes no solo Landim Luna, bem firmadas.
Troncos esguios, altaneiros.
        Cabeças arejadas, a plenitude  buscando.
                                                        
A plenitude  do infinito em cinco partes contemplada.
                                                     
                                                             
Margaridinha, alma  Luz

As irmãs, Margarida Aíla e Ângela Marta, almas gêmeas.
Margarida, o anjo mandado por Deus para enriquecer a vida
 dos Landim Luna.
                                                  
Os nove LANDIM LUNA, honrando seus GENITORES.


Jesus Luna e os nove filhos.
> Marta, Aécio, Jesus Luna, Arilo, Ariane, Aline, Margarida
Aide, Aride e Aristênio




Os Landim Luna (o pai, a mãe e  Margarida já no céu)
> Ângela Marta, José Aristênio, Aride Maria, Maria Aline,
Ariane, Aide, Carlos Aécio, e Otoniel Arilo(de pé). 
                                                                
                                                                                   
                                                                                                          
                                                                                                 





























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