26. Crica, meu amigo.
Tia Silvinha, meu anjo.
Unindo retalhos, filosofando, vivenciamos, sem medo, momentos ímpares. |
Quando
penso em Crica, Vicente Leite, busco definir quem foi ele para nós, os Landim
Luna e, principalmente, para mim.
Crica, Vicente Leite |
Desde minha mais tenra idade, esteve presente em minha vida. Nós dois nos adotamos. Nunca o chamei de tio. Tê-lo como tio era muito pouco para mim. Foi sempre o Crica amado,Vicente, aquele que me aceitava tal qual sou, vendo em mim uma mistura de Aide e Iaci, sua amiga. A mulher que admirava, ouvia, obedecia, acolhia. Sua cunhada mais velha? Não. Muito mais. Muito mais do que uma irmã. Alguém a quem venerava, uma voz ouvida e obedecida por sua esposa Nair, que só a Iaci, se dobrava.
Nosso
relacionamento foi crescendo dia após dia. E nunca terminou de crescer.
Quando em fins de Julho de 1957 aceitei o amor do enamorado Francisco Ribeiro Parente, Chico Parente , nosso primeiro
encontro se deu em Juazeiro. Busquei logo saber se meu amigo gostara do
moço que almoçara na casa de minha avó, mãe Neném, Bárbara Maciel Landim, e que
merendara e jantara em sua casa.
-
Parece, Negona, que ele é gente muito boa. Vá devagar. Deixa o tempo
correr, assim verás se realmente, ele é a pessoa que aparenta ser.
Não tenha medo. Mas cuide-se. Não permita que ele te machuque.
> Aride, Rômulo, Ariane,Arilo, Aline, Papai, Marta, Margarida, Aide, Chico, Aécio e Alira |
Nós e a família Landim Leite: Roberto, Edênia, Eliane com a mão no ombro de Danilo, Tia Nair com Marcones, Vicente e Elcídia. |
Na garagem> Roberto, Vicente, Sanderval, Fernando, Jesus Luna, Rômulo e Aécio Nossas Queridinhas> Mãe Neném e Mãe Anginha. |
A Fancisco Ribeiro Parente, Chico Parente, Vicente também acolheu totalmente. Sendo meu amado, no
mínimo, seu amigo querido, filho, passou a ser.
Os fins de semana, acostumamo-nos a passá-los com a família. Dois deles, em Juazeiro. Da casa de titia para a de mãe Neném. Vovó e o novo neto entendiam-se maravilhosamente. Para ela Chico caíra do céu. Contava-lhe as novelas com
minúcias. Ele a ouvia abismado com sua prodigiosa memória.
-
Nunca vi nem ouvi alguém conversar tão bem como dona Neném. Imagine se essa
mulher um curso superior cursasse. Ganharia, sem dúvidas, um Prêmios
Nobel.
-Prefiro ficar com o que penso. Tua
avó é especial, sem igual.
Vicente convidava-me, quando em sua casa me encontrava, para jogarmos baralho, ou palitos. E a dinheiro. Muito pouco, mas sempre a dinheiro. Eu topava. Ganhava. Ele ria e não aceitava.
Vicente convidava-me, quando em sua casa me encontrava, para jogarmos baralho, ou palitos. E a dinheiro. Muito pouco, mas sempre a dinheiro. Eu topava. Ganhava. Ele ria e não aceitava.
-
Vamos jogar em uma só partida, todo dinheiro que apostamos? Vamos, nega.
-
Esta é boa. Jogamos a tarde toda. Ganhei e você quer, numa só partida, apostar
tudo? Aí bicudo!
Sempre
acolhia seu pedido e invariavelmente, ele ganhava. Sorria, gargalhava. Nunca
ficava com o dinheirinho pouco, e ganho. Doava-o à criançada que vibrava
feliz. E tinha suas manias. Uma delas era a de comprar cargas de coco maduro,
convidar-nos para ajudá-lo a fazer um furinho em cada um deles, retirar-lhes
toda a água e, preenchê-los com aguardente da melhor qualidade. Tampar-lhes os
buraquinhos com cera de abelha e deixá-los num dos cantos de sua espaçosa casa
e somente abri-los em dia previamente marcado. Nem sequer gostava de bebidas
alcoólicas mas esmerava-se no preparo daquela para agrado dos
"sobrinhos" e divertimento seu.
Titia- Nair Landim Leite |
Titia,
ficava brava com essas suas "arrumações". Ele porém, continuava com
suas manias. Nós, sem sombra e dúvidas, divertia-mo-nos em sua companhia. Ele,
com os olhos agateados, divertia-se muito mais. Um dos costume seu, e que
perdurou por muito tempo, foi o dos passeios extravagantes:
Vamos,
nega, tomar banho no Brejo das Freiras?
- Estás louco? É muito distante. Iremos se pernoitarmos por lá.
- Estas ficando
muito mufina, menina. Há lugar distante para quem é bom no volante? Deixa
a moleza fora dessa história, e acertemos nosso passeio para o próximo domingo.
Sempre
cedíamos a seus "caprichos", como titia os apelidava.
Saíamos de Juazeiro muito antes de o sol nascer e, mais ou menos as nove horas, já nos deliciávamos nos enxofrados banhos. Regressávamos de modo a não "pegarmos a noite na estrada", felizes, cantando. O cansaço nunca pode entrar em nossas vidas. E assim, inúmeras vezes fomos à Orós, somente para ver o grande açude sangrando, ou para comer peixe frito.
Vicente
gostava, amava, curtia ficar conosco, sua família. Depois que descobriu a Santa
Rita, em Barbalha, o trabalho da titia redobrou: galinhas fritas com farofa,
bolos, cocadas e um mundaréu de coisas mais, cozinhava, assava, sem contar com
o temperar a carne, que o Crica não dispensava, a ser assada com o
carvão que transportava, transformado em brasa. " Isto é que é vida!
Exclamava debaixo da cachoeira de águas límpidas.
- Negona, estás preguiçosa. Não trouxeste tua esteira mas eu a trouxe para ti. Uma
moça tão nova, e tão sem coragem! E pensas que não trouxe nosso baralho? Depois
da soneca jogaremos umas partidinhas. Com certeza trouxeste alguns trocados.
Ganharei de ti e darei o dinheiro ao menino das porteiras e das cancelas.
Indago-me vezes sem conta: será que já nasceu ou nascerá alguém pelo menos parecido com meu querido Crica?
Dia
desses, conversando com Edênia, minha prima, sua filha, não conseguimos decifrar de onde lhe vinha
tanta energia, alegria, bom humor, camaradagem e coragem. Parece-me que aliado a
um grande "tino" para o comércio, Deus o contemplou com
inteligência rara, amor à vida, facilidade em se fazer respeitado e
admirado, sem que para isso usasse de subterfúgios. Sua companhia enchia-nos de
alegria, de um contentamento que só se sente junto a pessoas especiais. E
especial, ele sempre foi.
Quando
de suas "passagens" pelo Buriti, um sítio nosso em Santana do Cariri,
comadre Dunda, compadre Pedro, Zé de Ana, Teresinha, Bila, Maria Pretinha e
demais pessoas que ali trabalhavam, com ansiedade o esperavam. Recebiam-no e a
sua família com alegria, com sorrisos e conversas: “ Seu Vicente chegou cum a
famía! Hoje é um dia grande, diferente, ele vai distribuí dinêro. Vai
ganhá da comade no jogo e dá o dinêro, com mais do bolso dele, prá nois.
Acontecia , como previam. Agradava a todos com sua presença, simpatia, e cortesia.
Buriti > Aécio, Vicente e titia Nair |
Quando eu ainda criança em casa de mãe Neném,
titia e as amigas: Lourdinha, filha de Jacaré que tinha uma bodega bem em
frente à casa de minha avó, Ozir, filha de dona Sinhá Moreira, vizinha, aparentada e amiga da
família, e Ninita, levavam-me a passear no bosque.
> Nair, Ozir com suas filhas gêmeas e Lurdinha/Juazeiro.(não consegui fotos da NInita) |
Um
aprazível e arejado lugar afastado do centro da cidade. Chegava-se lá pela rua
do Brejo. Bem mais tarde foi loteado e vendido. Naqueles meu tempo
de encantamento, seu chão de areia branca e grossa, estava sempre coberto
por, mais ou menos dois centímetros, de sementes ou minúsculos frutos das
plantas, (não sou minha irmã botânica, Ariane para saber dessas coisas).
Carregava comigo, nesses agradabilíssimos passeios, uma cestinha de vime.
Enquanto as quatro amigas conversavam sobre os namorados, eu a enchia
com aquelas “coisinhas” caídas das árvores. Neste momento em que escrevo, sinto
a textura maravilhosa, dadivosa, daquele presente que me vinha da natureza.
Titia dizia:
-
Não sei o que ela acha de tão maravilhoso nessas “porcarias.” Quando em casa
chegamos, a tarde é pequena para brincar com essas coisas. Não a entendo.
Eu
a ouvia, mas aprendera a só dar importância a coisas sérias, e para mim, sério
mesmo era aqueles “pingos de chuva” como eu apelidara aquilo que das árvores,
chovia sobre a areia. As quatro amigas tinham suas paixões secretas. Casaram-se
com elas: Rolinha, Crica, Assis, e parece-me que Cicinho. Não me lembro bem se
este é nome do marido da Ninita. Lembro-me bem de sua primeira filha,
Cinita.
Na
Casa da Bica, Vicente nunca foi. Fez-nos muita falta.
Quando
ele e titia casaram-se, em Barbalha fixaram residência. Sua casa grande
tinha o comprimento de um quarteirão. Numa das paredes do quintal, um portão
que se abria para o local onde hoje uma pequena torre sinaliza o marco
zero da cidade.
Vicente comprou bicicletas e as alugava. Uma festa para os
moradores da cidade. Meus irmãos aproveitaram, a valer, daquele negócio.
Passeavam sem nada pagar. Papai proibiu-me terminantemente de nas bicicletas
tocar:
Barbalha, Marco Zero. Século XX. |
-Imagina
minha mulher, nossa filha sentada onde uma cambada de urubus põe as bundas
sujas. Nunca, nunca mesmo. Estás ouvindo Aide?
- Estou sim, meu pai. Mas os urubus não fazem o mesmo
nas bicicletas em que meus irmãos passeiam?
-É
diferente. Eles são homens. És mulher.
Titia
sabedora da oposição de meu pai, não permitia nem mesmo que eu guardasse
as bicicletas à noite.
-
Titia, papai não me proibiu de guardar as bicicletas.
-
Vá-se entender teu pai. Se ele sonhar que triscastes nestes trastes, não te
deixará mais vir a minha casa. Queres isso? Queres?
-
Não titia. Tua casa é tão boa, a gente faz nela o que quiser... Não há gente entrando e saindo a todo instante.. Podes ficar sossegada, nas
bicicletas, jamais tocarei.
Vicente
logo percebeu que Barbalha não lhe oferecia oportunidades de crescimento.
Mudou-se para Juazeiro. Com sua visão de mundo, tornou-se um dos grandes
comerciantes do lugar.
Em outros domingos íamos à Barbalha, á casa da tia Silvinha.
Maria Cidália de Luna, Silvinha
Como era bom! Acolhidos como filhos, sempre fomos. Filhos queridos. A esta tia devo o grande
presente que Deus me reservara, Francisco Ribeiro Parente, e que eu desdenhava.
Minha tia chamou-me e exortou-me:
Francisco Ribeiro Parente, Chico Parente. |
Francisco Parente, Chico Parente/1958 |
Francisco Ribeiro Parente, /1956 |
Chico Parente, 1956/Recife |
-Acontece,
tia, que não o vejo como meu namorado.
-
Não vês porque não queres. Entendeste, com esta tua cabeça dura, que o bom
rapaz não serve para ti. Pois te garanto, sem engano, se a ele uma
oportunidade deres, casar-te-as e serás imensamente feliz. Francisco,
minha filha, é um homem maravilhoso. Sabes que o trato como se filho meu fosse.
Digo-te mais, estás perdendo tempo e jogando tua felicidade fora. Cuida,
menina, para que não venhas a te arrepender quando for tarde demais.
-
Ah! Tia minha. Não é fácil assim.
-
És teimosa como tua mãe. A Wilma tem algo a dizer-te. Escuta-a primeiro. Depois
toma tua decisão. Promete-me que vais pensar no que te falo agora?
-
Prometo, tia. Prometo, sim.
E quando seguindo os conselhos de minha sábia e querida tia, ouvi de Francisco Ribeiro Parente a revelação do seu grande amor por mim, discerni que junto a vovó
Neném e a titia uma resposta dar-lhe-ia. Resposta esta jamais comunicada. Dele
enamorei-me logo no primeiro encontro. Fiquei, por algum tempo “com um pé
atrás”, ante seu imenso amor. Mas, bem dentro de mim, eu sabia que com aquele rapaz eu casaria.
Aos domingos em Barbalha, com tia Silvinha e Cidália, aproveitávamos para visitar
outros parentes. Quase sempre, uma vez por mês, íamos à Missão Velha, à casa de
Eaílce e Maragtom. Somente um domingo passávamos em nossa casa em
Crato. Isso quando não tínhamos o Buriti nem a Casa da Bica. Mas mesmo as
tendo, nunca ficávamos mais de quinze dias sem visitar, curtir, partilhar
nossas vidas com as das pessoas queridas que nos ajudaram a viver felizes
nossas vidas.
Nessas
visitas constantes, tornamo-nos mensageiros. Noticiávamos todos os
acontecimentos da família.
Nos
aniversários da minha tia Silvinha, 29 de fevereiro, comemorado aos 28, a
festa só começava quando nós, Chico Parente eu e família, “os filhos de
moita”, chegavam. Um caderno grande com capa dura e coberta de lona, o caderno
das aulas de piano da Silvana, neta da tia, e que se tornara o caderno-livro
das festa, era aberto. Nele as letras das músicas que gostávamos, sucediam-se.
Cantávamos quase tudo o que o bendito livro-caderno nos oferecia. Dorgival
Pinheiro, genro da tia, esposo da Miriam, minha madrinha de apresentar,
declamava, dramatizava cenas, poemas... Um encanto, uma alegria, sorrisos,
abraços, gritos de incontida felicidade... Wilma, a filha mais extrovertida e
por isso mais sábia e muitíssimo querida por todos que a conheciam, cantava “É do Papai”, fazendo gestos... Uma graça... E nós com o caderno-livro
cantando, extravasando o amor que nos unia.
A
tia com sua mesa farta, linda, generosa, os olhos verdes de alegria, tudo
recebia com seu sábio coração de criança. Tenho saudades dela. Não tenho medo
de afirmar que, de todas as sobrinhas fui por ela a mais querida. Honrou-nos
com seu amor que nos acompanhou e acompanhará sempre. Perdurará eternamente.
Aide Luna Parente
·
Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drummond de
Andrade
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